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A CHECAGEM DO MOTORISTA
A maioria dos conselhos distribuídos aos motoristas em campanhas de trânsito, recomenda conhecerem bem seus carros. É um conselho básico. Mas não é o único. O motorista precisa também, antes de dar a partida, examinar a si mesmo. Se estiver frustrado, se tiver sofrido um revés no trabalho, se estiver se sentindo inferiorizado em relação aos outros, a tendência é compensar tudo isso no acelerador. No asfalto, pode ser a oportunidade de ultrapassar os outros. Costumo dizer que o motorista que compulsivamente vai ultrapassando os outros, também vai anunciando a sua neurose, o seu sentimento de inferioridade e de frustração. Já se estiver deprimido, a tendência é desligar-se, introverter-se – e vai aí uma certa tendência suicida, em que o motorista não se importa consigo, nem com os outros, nem com os sinais, e pode causar danos a si próprio e aos outros.
O motorista precisa examinar até o que está vestindo. Uma gravata ou um colarinho apertados, pode diminuir a irrigação sangüínea do cérebro e retardar reflexos, ou provocar sono. Um sapato de bico comprido demais nos homens, pode atrapalhar um movimento rápido entre o acelerador e o freio. Nas mulheres, o salto alto demais também atrapalha. Roupas apertadas tendem a tolher os movimentos dos braços, numa manobra de emergência. Chinelo, nem pensar – são contra a lei. Os chapéus com aba limitam a visão periférica. E o cigarro atrapalha sempre: joga fumaça mortal nos pulmões e brasa na roupa. As pesquisas mostram que os fumantes têm 50% mais acidentes que os não-fumantes. Quem fuma tem reflexos retardados e menor visão e audição.
Pesquisas americanas mostram o perfil dos envolvidos em acidentes: eram mais solteiros que casados; têm mais hostilidade, mais frustrações em família, mais competitividade e desejo de prestígio. E que a maioria dos acidentados estava em fase de estafa emocional ou problemas conjugais. O especialista Luis Riogi Miura costuma dizer que primeiro vem a fase em que o motorista acha que sabe tudo e se arrisca, provocando acidente. Depois, acha que adquiriu experiência, e se descuida, provocando acidente. Por fim, quando aprendeu sobre o risco e o perigo, não arrisca e se previne – e só aí aprendeu a dirigir.
O motorista dirige como vive. Ao assumir o volante, ele se revela. Mostra se está satisfeito ou frustrado. Ajustado ou desajustado. Se for educado e altruísta, ou selvagem e egoísta. O motorista equilibrado, com autoestima e de bem com a vida, rejeita o perigo. O veículo tem a sensatez ou a insensatez de quem o estiver pilotando.